segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

REVISTA eisFluências N.26 - dezembro/2013

Revista eisFluências de Dezembro/2013 

Para Ler a Revista clicar em:

http://www.carmovasconcelos-fenix.org/revista/eisFluencias/eisFluencias_Dezembro_2013_4_26.htm

Sumário da Revista:

CONVIDADO DO MÊS - Fahed Daher - "CONHECER-SE A SI MESMO"...
António Justo - "NELSON MANDELA – UMA LENDA NOS MEANDROS DO PODER"
Ary Franco (O Poeta Descalço) - "MINHA PAZ, NOSSA PAZ!"
Carlos Lúcio Gontijo - "MEDALHA NO PEITO DA PESSOA CERTA"
Antonio Carlos Mongiardim Gomes Saraiva - "LOUVA-A-DEUS"
Clóvis Campêlo - "A DOR DE UMA SAUDADE"
Faustino Vicente - "VANDALISMO DO 4º SETOR"
Humberto Pinho da Silva - "BRINCANDO AO SOL"
Humberto Rodrigues Neto - "GUERRA CONTRA O PAPA"
Irene Mercedes Aguirre - "SABIDURÍA - A Confucio (siglo VI)"
Isabel C.S.Vargas - "TEMPO DE SER FELIZ "
João Bosco Soares dos Santos - "AFETO E TERNURA"
Jorge Cortás Sader Filho - "DUDA"
José Ribamar Bessa Freire - "DOM WALDYR, O NOSSO BISPO"
Marco Bastos - "EM TUDO"
María Sánchez Fernández -"PREMIOS PRÍNCIPE DE ASTURIAS 2013"
Nuno Rebocho - "QUANDO BUZINAM OS TÁXIS DA TRISTEZA"
Roberto Romanelli Maia - "O ORGASMO FEMININO UM REMÉDIO NATURAL E NECESSÁRIO"
Urda Alice Klueger - "ROUBARAM-LHE O MAR!"
Walter da Silva - "TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (90)"

Todas as Revistas já editadas, podem ser consultadas a qualquer momento na FÉNIX, sob o link que criámos para o efeito:

http://www.carmovasconcelos-fenix.org/revista/eisFluencias/publicacoes.htm

e onde o respectivo Livro de Visitas aguarda os vossos prezados comentários. Eles são incentivadores para nós!




EM TUDO
Marco Bastos

Dia se abre sem cadeado.
- canto se canta canto entoado.
riso se ri rindo de tudo.
- tempo de si, sol sobre tudo.
Mundo se mudo é tudo absurdo.
- fala que a fala cala no fundo.
venta que o vento só é movimento.
- sente o sentir do vir e do ir.
Eu nesse canto quanto me encanto
se verso o sabor de um verso de amor...
- em tudo...


Múltiplas e variadas são as línguas e as linguagens, há muito tempo entendidas, intuitiva, apriorística, ou formalmente, como instrumento de comunicação entre pessoas, povos, ou grupos.  Toda língua resulta de uma convenção entre aqueles que a conhecem e dominam, podendo adquirir características modificadoras para, além de portar pensamentos, o fazer de forma diferenciada em estilos. São estruturadas a partir de signos que se dão a conhecer pela forma, pelo som, por sinais impressos, acústicos, gestuais, ou visuais com função “significante”, e a esses signos associam-se conceitos denominados “significados”, que aos signos emprestam um valor lógico de conhecimento e de reconhecimento, técnico ou estético. O signo ao transportar ideias e pensamentos vem a se constituir no elemento da “palavra” – unidade do discurso.

 "Os significados das palavras fornecem a mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo, ou seja, como diz VYGOTSKY (1987), é no significado da palavra que a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal. Para ele, o pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela fala egocêntrica, atingindo a fala interior que é pensamento reflexivo".

A partir desse ponto, da metalinguagem, da linguagem que fala da linguagem, ou de uma linguagem, tentando explica-la beiramos o conceito da tautologia, no sentido da coisa que se explica a partir de si mesma. “A fala interior é pensamento reflexivo”, e não se consegue pensar sem recorrer às palavras.

E tudo seria tão simples, linear e racional caso não houvesse “denotação” – “palavras em estado de dicionário”, no dizer de Drummond – significado mais próximo de sua expressão literal; e “conotação” - sentido mais geral que se pode atribuir a um termo abstrato, além da significação própria. Ou seja, a palavra se modifica no contexto em que se insere, ganhando novos ou múltiplos significados, plasticidade denominada polissemia, em que a mesma palavra não é sinônima de si mesma por conter significados diferentes.

Há diversificação com origem na geografia, há bairrismos adaptando as linguagens a quase dialetos, há diferenciações por áreas do conhecimento a exemplo da linguagem própria dos poetas, do advogado, do médico, do engenheiro, etc.

 A Comunicação se estabelece entre emissores e receptores pela difusão de mensagens por meio da línguagem convencionada que percorre um processo vivo de codificação, de divulgação ou de propagação, e de decodificação de significados que representam ideias, pensamentos, percepções, e sensações.

Enquanto na prosa predominam as características denotativas das palavras, os poemas se valem com frequência de recursos conotativos. Inventam metáforas, metonímias, figuras de linguagem e de estilo, formas de expressão variadas a ponto de ser a poesia por vezes definida como “Poesia é a maneira poética de se dizer”.  E, no entanto, tal assertiva não é vazia de significado nem é tautologia viciosa no momento em que “maneira poética de dizer” passa a corresponder a uma linguagem que distancia o significado da mera adjetivação.

A literatura descobriu a potência do discurso bem antes da sistematização Semiótica. Para ela, “a mentira repetida mil vezes não se converte em verdade” – a repetição mecanicista simplesmente desfaz os significados, tornando o discurso vazio. A palavra eleva-se à condição de matéria prima para a elaboração da arte, e a Arte ultrapassa os limites do aparentemente belo. A adjetivação perde a sua importância desde que ser linda é imanente à própria rosa, e adjetiva-la significa admitir que a característica que lhe é inerente possa não existir. Do classicismo deslocou-se para o gongorismo, para o parnasianismo, para o simbolismo, para o modernismo, sempre em busca de suas “verdades”.

As Sociedades percebem na linguagem seu alto poder de mudança e de alinhamento de vontades que se converte em poder político no “discurso” de Foucault, composto de sequências semióticas (relações entre sinais) entre objetos, assuntos, e declarações.

Noam Chomsky distingue entre Estruturas Profundas e Estruturas de Superfície que supunha desempenhassem com relação à linguagem o papel que as teses de Freud e Marx desempenharam com relação à mente e à sociedade, respectivamente. A “estrutura profunda”, como Chomsky a definiu em “The Current Scene in Linguistics” (1966), é “a forma abstracta subjacente que determina o significado da frase”. Chomsky escreve sobre a Manipulação Midiática.

Quanto à poesia, há sinalização que indica evolução na direção de uma linguagem gestáltica, substantiva, a envolver aspectos míticos, místicos, subliminares, psicológicos, sociais, éticos e estéticos que permeiam o fazer poético, levando-o para além do semântico para expressar o homem atual em toda a multiplicidade de movimentos.

Marco Bastos



Marco Bastos é Engenheiro Mecânico. Professor em Escolas de Engenharia e de Administração de Empresas (até dez/2011). Pós Graduação em Docência no Ensino Superior. Membro do Conselho de Redação da Revista eisFluências desde outubro 2009. Escritor e pintor amador.